A curcumina é o composto ativo da cúrcuma, ou seja, a substância que traz inúmeros benefícios ao nosso corpo. A curcumina é o curcuminóide primário e mais abundante da cúrcuma.
Cúrcuma ou açafrão da terra ou tumérico ou raiz-de-sol, cujo nome científico é cúrcuma longa, é uma raiz originária da Índia e do Sudeste da Ásia, utilizada desde a antiguidade como temperos de carnes ou legumes. Tem um sabor marcante e cor amarelada, sendo bastante utilizada na produção do curry – outra especiaria popularmente conhecida.
Ações da Curcumina
Foi visto que a curcumina é rica em polifenóis, substâncias com ação antioxidante, antimicrobiana, anti-inflamatória, anticâncer e importante para a circulação propiciando menor formação de coágulos.
É importante ressaltar que a curcumina tem baixa biodisponibilidade no corpo, ou seja, apresenta baixa absorção e grande eliminação pelo organismo. Diante disso, para que traga efeitos terapêuticos, é necessário que seja consumida uma maior dose. Além disso, uma recomendação bastante comum é o consumo associado a piperina, composto presente na pimenta preta, que aumenta a absorção da cúrcuma.
Curcumina e seu benefícios
Muitos estudos mostram que a curcumina traz inúmeros benefícios ao organismo, tanto na prevenção como no tratamento de doenças. Diante disso, também é comercializada como suplemento ou manipulada em farmácias.
Mas afinal, quais são os benefícios da curcumina?
- Ação antibacteriana: é eficaz contra Staphylococcus aureus, Salmonella paratyphi, Mycobacterium tuberculose e Trichophyton gypseum, bactérias associadas às doenças da pele, pulmão e infecções intestinais.
- Antioxidante: a curcumina evita a formação de radicais livres, substâncias que danificam as células e podem aumentar a inflamação, aumentando o risco de doenças cardiorrespiratórias, neurológicas e obesidade, por exemplo.
- Anti- inflamatória: evita a síntese e ação de substâncias pró-inflamatórias chamadas de interleucinas ( IL-1, IL-6, IL-8) ou citocinas ( TNF-alfa). Diante disso, é importante ingerir a curcumina para evitar doenças como obesidade, cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer.
- Anticâncer: inibe moléculas associadas ao crescimento e desenvolvimento tumoral, evitando assim, a formação de vasos sanguíneos para nutrir o tumor e metástase. A curcumina parece ter ação na prevenção do câncer de mama, pâncreas, próstata, colón e pulmão; durante o tratamento, pode aumentar a eficácia da radioterapia.
- Doenças cardiovasculares: além de reduzir a inflamação, a curcumina diminui a pressão arterial e o risco de isquemia, ou seja, evita a redução do tamanho dos vasos sanguíneos com menor passagem de sangue e oxigênio.
- Prevenção de coágulos: reduz a agregação das plaquetas e formação de coágulos.
- Controle do colesterol: pessoas que tomam a cúrcuma por um período, apresentam redução nos níveis de LDL, VLDL e triglicerídeos devido a ação da curcumina.
- Controle do diabetes: reduz a produção de glicose pelo fígado, suprimindo a resposta inflamatória decorrente do aumento da glicemia sanguínea e melhorando a absorção da glicose pelas células. Sendo assim, a curcumina ajuda no controle dos níveis da glicose sanguínea e da resistência à insulina.
- Obesidade: menor formação de células gordurosas e redução da inflamação de baixo grau associada ao excesso de peso.
- Doenças inflamatórias intestinais: a doença de Chron e colite ulcerativa são doenças caracterizadas por maior inflamação no trato gastrointestinal ou somente no cólon e reto, respectivamente. A curcumina parece reduzir ou cessar os processos associados à esta inflamação. Um estudo com pacientes com Crohn ou colite ulcerativa mostrou a melhora dos sintomas das doenças após o uso de curcumina em cápsulas de 500 mg duas vezes por dia durante três semanas.
- Doenças Neurodegenerativas: a curcumina parece ser eficaz nos mecanismos associados ao envelhecimento, mantendo a ação de proteínas importantes para a saúde mental. O Alzheimer é caracterizado por maior inflamação, formação de radicais livres e ação anormal de proteínas, e a curcumina ajuda em todos estes fatores melhorando assim, a saúde cognitiva. Além disso, contribui para a redução das placas beta amiloides, que são tóxicas aos neurônios e suas sinapses.
- Pele: a curcumina é utilizada para a produção de cremes com ação em doenças de pele, acnes e infecções. Estudos mostram que também pode ser eficaz contra doenças como dermatites, psoríase e escleroderma.
- Alergia e asma: parece reduzir a liberação de histamina, substância associada à processos alérgicos.
- Analgésica: a curcumina mostra ser tão eficaz quanto o ibuprofeno no controle da dor. Doses de 400 a 500mg por dia ajudam no controle de dores articulares, artrose e neuromusculares.
Como é recomendada?
A dose indicada e a forma de utilização vão depender do produto escolhido e concentração do composto. Normalmente é indicada na dose de 500mg, de 1 a 2x/dia a cada 12 horas.
Se optar pelo chá, 2 a 3 xícaras de 200ml ao dia. Além disso, a curcumina é encontrada no açafrão-da-terra e pode ser usado como tempero de carnes e legumes, propiciando mais sabor e cor.
Algumas ideias de como incluir a cúrcuma no seu dia a dia:
- Adicione a cúrcuma no ovo do café da manhã propiciando cor e mais sabor;
- Ao preparar seu arroz integral, inclua temperos naturais como alho, cebola, açafrão e pimenta;
- Dê cor aos seus molhos acrescentando um pouco do açafrão.
Existe uma dose segura?
A curcumina foi considerada segura pela Food and Drug Administration (FDA) e parece não ter qualquer efeito tóxico; porém se utilizada de maneira exagerada, alguns efeitos colaterais podem ocorrer.
De acordo com o Comitê Conjunto de Especialistas da FAO/OMS sobre Aditivos alimentares (JECFA) e Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), a ingestão diária adequada (ADI) de curcumina é de 0–3 mg/kg. Algumas pesquisas mostram que a dose de até 12g/dia de curcumina parece ser segura, mas mais estudos são necessários.
Possíveis efeitos colaterais
O uso prolongado ou exagerado da curcumina pode trazer alguns efeitos colaterais ao organismo. Os mais observados são:
- Enjoos e vômitos;
- Dores no estômago e abdômen;
- Alterações no paladar;
- Maior risco de hemorragia.
Referências
1. JECFA. (2004). Curcumin. (Prepared by Ivan Stankovic). Chemical and Technical Assessment Compendıum Addendum 11/Fnp 52 Add.11/29; Monographs 1 Vol.1/417.
2. Kocaadam B, Şanlier N. Curcumin, an active component of turmeric (Curcuma longa), and its effects on health. Crit Rev Food Sci Nutr. 2017 Sep 2;57(13):2889-2895. doi: 10.1080/10408398.2015.1077195. PMID: 26528921.