Testosterona tem prazo de validade: perto dos 35 anos, o corpo masculino começa a emitir os avisos de que o declínio da produção hormonal começou.
É a andropausa dando as caras em meio a mudanças de humor, perda de energia, de libido e de força muscular.
Para os homens, o processo é lento, quase que imperceptível. A diminuição vem em doses homeopáticas – de 0,5 a 2% ao ano.
Período em que a insônia aumenta, a autoconfiança diminui, não é mais tão fácil perder peso nem ganhar músculos e o desejo sexual, antes nas alturas, fica mais espaçado.
Multifuncional
Segundo o médico especialista em endocrinologia e metabologia, Bruno César, a testosterona, apesar de associada à virilidade, transcende os efeitos sexuais.
“É um hormônio que tem efeito no coração e no sistema nervoso central. É um hormônio que previne alguns eventos cardiovasculares. Ele tem uma função metabólica muito robusta, já respaldada por inúmeros trabalhos e artigos científicos”, explica.
Identificar a queda hormonal, no caso dos homens – diferentemente das mulheres, para quem a chegada da menopausa é inconfundível – pode ser um desafio, já que os sintomas são sutis e podem ser associados ao desgaste comum à rotina.
Exemplos clássicos como os já citados, que vão do cansaço à queda de desempenho na academia são muito semelhantes aos sinais de alerta enviados pelo corpo para sinalizar outras quedas hormonais.
Mas, o pulo do gato no caso da testosterona é o reflexo imediato que pode ser sentido logo pela manhã, com a diminuição – ou extinção – das ereções matinais.
“Aquelas ereções matutinas que surgem nas primeiras horas ali quando ele está despertando, tendem a ser as primeiras alterações e as mais específicas de que algo não anda bem”, destaca.
Reposição hormonal
O acompanhamento médico facilita o diagnóstico e otimiza o início de um possível tratamento de reposição hormonal – escolha que está diretamente ligada à fertilidade masculina.
É que, como nas mulheres, a queda do hormônio está ligada à capacidade reprodutiva.
Identificar o momento correto de começar a repor a substância que parou de ser produzida pelo organismo é fundamental para não interferir, de forma definitiva, no funcionamento metabólico.
“Quando eu faço uso de uma testosterona de fora, que a gente chama de exógena, a minha produção de testosterona se interrompe de vez, mas também, com ela, a minha produção de espermatozóides. Então, se é uma pessoa muito jovem ou que não tem ainda seus filhos e pretende ter mais pra frente, a gente tem que considerar algumas outras opções, se viável, antes de fazer uma terapia”, pontua o especialista.
Estilo de vida x testosterona
A produção natural do hormônio depende de uma série de fatores conectados à forma como o indivíduo vive. Da alimentação à qualidade do sono, todas as escolhas referentes à rotina interferem no processo.
Segundo Bruno, o manejo do estresse, o sono adequado, a alimentação mais balanceada possível (distante de alimentos ultraprocessados, que fazem pico de insulina e essa insulina mais alta dificulta a produção de testosterona) são itens primordiais na manutenção de boas taxas do hormônio.
O endocrinologista explica que a adequação de rotina evita entrar num ciclo vicioso.
“Por conta de hábitos ruins, o homem ganha peso, gordura visceral. A gordura visceral por si só atrapalha a produção própria dele de testosterona e a testosterona mais baixa favorece o acúmulo de gordura visceral. E aí ele entra numa espiral descendente que é complicado a gente sair. Nosso objetivo é justamente evitar que essa espiral aconteça”, esclarece.
É por esses fatores que Bruno defende: quanto mais cedo o homem adapta o estilo de vida às recomendações médicas, maiores as chances de ele manter os níveis de testosterona ajustados por mais tempo. “Quanto mais cedo a gente começar essas mudanças, com certeza melhor”, finaliza o médico.
Vale lembrar
A testosterona é o principal hormônio afetado pela chegada da andropausa.
Diferentemente das mulheres, nos homens, a queda é gradual – com a diminuição de um percentual baixo, ano a ano.
O estilo de vida interfere de forma direta na manutenção da substância no organismo e, após a parada da produção, é possível repor o hormônio de forma artificial.
Para isso, o melhor caminho é apostar no acompanhamento médico a fim de identificar o momento correto de fazer os ajustes necessários com foco na produção hormonal.