Movimento é um termo multifacetado. De ampla interpretação. Feito de inúmeros significados. Deslocar-se de um lugar ao outro; não ficar parado. Do recorte formal ao mais informal, todos trazem a provocação ao que é imóvel.
A vida pressupõe movimento. E, ir na contramão do marasmo associado ao passar dos anos, é um dos pilares da longevidade.
Alheia a escolhas filosóficas ligadas ao estilo de vida, a demanda não-estática é fisiológica. “A saúde dos ossos, tendões e músculos depende de movimento”, resume o médico ortopedista, especialista em ombro e cotovelo, micro cirurgia e trauma do esporte, José Carlos Garcia Junior.
Movimento consciente
Mas, não basta movimentar-se. Para chegar à melhor idade com corpo e músculos em pleno funcionamento é preciso que as atividades e exercícios físicos sejam pensados em completude e de forma equilibrada – tanto em termos de frequência e intensidade, como na distribuição dos grupos musculares trabalhados.
O especialista José Carlos Garcia Junior destaca que houve um aumento de cirurgias de artrose em jovens causada por desbalanço mecânico.
A doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde*, já atinge 80% da população mundial com mais de 60 anos, chegou à juventude como reflexo de treinos mal direcionados.
Tendemos a privilegiar uma musculatura específica – e pior quando não nos atentamos à necessidade de alongamento desses mesmos músculos. Se temos uma musculatura muito forte e pouco alongada, de forma desproporcional, com músculos que fazem o movimento oposto, não há o equilíbrio, o que com frequência pode levar a uma cirurgia”, detalha José Carlos.
Outro fato importante é que o sistema músculo-esquelético precisa de descanso. E o caminho para isso está na diversificação. “Você tem que fazer exercício para um grupo num dia, outro grupo no outro dia, para que tenha melhor qualidade na atividade física e descanso”, indica.
Devagar e sempre
Na ânsia de conquistar a definição e força, ainda na juventude pode haver o comprometimento de mecanismos essenciais para uma vida longeva e proveitosa do corpo.
A osteoartrite é um exemplo. A pressa ao aumentar a carga num curto período de tempo entre os treinos leva ao desequilíbrio entre a velocidade do crescimento muscular e a capacidade dos tendões suportarem cargas elevadas.
Com capacidade de regeneração mais limitada que a dos músculos, o aumento brusco e repentino/repetido de carga leva os tendões à fadiga.
Para evitar esse cenário, José Carlos lista algumas dicas:
- crescimento escalonado de carga;
- uso de suplementação que contemple esse equilíbrio;
- alongamento pós-treino;
Cuidados simples que garantem o que o ortopedista classifica como o sucesso para músculos e tendões saudáveis ao longo da vida inteira. “ A fonte da juventude é simplesmente a manutenção do bem-estar do corpo”, conclui.
Bom lembrar
Viver em movimento é um pré-requisito da longevidade, mas, como os demais aspectos ligados à vida saudável, os exercícios físicos inseridos na rotina precisam ter acompanhamento profissional e serem executados da maneira correta – da execução à progressão de carga.
A evolução precisa ser gradativa para quem opta pelos treinos de carga. E os cuidados devem ser permanentes, independentemente da idade, para que músculos, tendões e cartilagens se mantenham minimamente impactadas rumo a uma vida madura ativa e sã.